quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Povos Indígenas e Sustentabilidade

O Seminário: Povos Indígenas e Sustentabilidade constitui-se em um espaço para a discussão e a socialização de estudos e práticas sobre saberes locais, educação, saúde e gestão territorial, entre indígenas e não indígenas. Porém não apenas a sustentabilidade ligada ao ponto de vista da sobrevivência física, mas principalmente sobre a sustentabilidade do ponto de vista da autonomia indentitárias dos povos indígenas, afirma a coordenadora do evento, Dra. Adir Casaro Nascimento. O seminário é realizado a cada dois anos, desde 2003. Em 2015, o tema discutido foi Saberes Indígenas e a Contemporaneidade.

Conforme a Dra. Adir Nascimento, por meio de relatos dos indígenas pode-se observar durante os seminários que há saberes tão importantes e consistentes que precisam ser legitimados como ciência e serem agregados aos saberes indígenas. Ainda conforme a pesquisadora, a marca no VI Seminário Povos Indígenas e Sustentabilidade é o aumento no protagonismo dos indígenas nos últimos seminários. “Sempre houve um grande espaço para os povos indígenas e cada vez mais o trabalho de exposição nas mesas e nas conferências é prioritariamente assumido por eles, onde sabedores e rezadores indígenas fazem uma participação ao lado de um pesquisador não-indígena e mesmo assim tendo um discurso afinado, em relação aos saberes tradicionais e os saberes na contemporaneidade”.

Durante o evento Nascimento afirma que é evidente de que no campo das questões indígenas não é possível tratar de assuntos isolados. “embora estar dentro de uma instituição, dentro de um programa de educação e tratando no dia a dia sobre a escolarização indígena não dá para discutir apenas sobre a escola ou a língua indígena sem trazer todas as questões que estão nesse entorno”, diz. Segundo Nascimento, a cada seminário isso fica mais evidenciado de que no campo, na cosmovisão, na cosmologia e na epistemologia indígena as coisas não se separam.

Para o rezador Kaiowá Valério Gonçalves, da aldeia Lagoa Rica (Panambizinho), localizada no município de Douradina, região sul de Mato Grosso do Sul, a temática mais importante a ser discutida é sobre a língua materna. “devemos fortalecer os filhos da gente, pra poder aprender a cultura, a língua e o dialeto que nós temos”. Para o ancião, hoje a cultura Guarani Kaiowá segue em uma outra estrada e o principal problema é o afastamento da família e da cultura pelos mais jovens por conta da interferência da cultura ocidental. “as outras religiões estragaram tudo, porque os índios deixaram a tradição, os cânticos, o vestuário que são importantes para os Kaiowá Guarani e que deveriam permanecer em todas as aldeias”. Já na escola, Gonçalves afirma que o processo de aprendizado deve ser feito apenas no idioma Guarani Kaiowá, para fazer com que os alunos entendam e se interessem muito mais no conteúdo. “A solução para o fortalecimento da cultura deve ser buscada em conjunto com os professores, com os pais e com os diretores da educação, com igualdade para que os costumes e a cultura não se percam”, conclui.

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